miércoles, 19 de octubre de 2011

Brasil e Espanha em busca da eficiência energética



A transição para a nova economia depende de uma ampla e profunda mudança nos padrões de produção e consumo. Mundialmente. Precisa, além de outros fatores, de um efetivo crescimento das fontes limpas na matriz energética. A sessão plenária realizada hoje (18/10), durante o Encontro Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável (EIMA 8) tratou dos principais desafios da matriz energética, usando especialmente os casos brasileiro e espanhol.

Brasil e Espanha, participam lado a lado do EIMA 8, mas não estão tão par e passo no tocante a energia. Diferenças regionais, naturais, de governança fazem com que os dois países tenham características distintas na maneira como produzem e consomem energia.
Altino Ventura, secretário de Planificação Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), fez uma comparação entre a oferta de energia do Brasil e do mundo. “Vemos um cenário interessante no Brasil quando comparado ao restante do mundo. Aqui, 45% da energia vem de fontes renováveis, enquanto no mundo apenas 13% da energia é renovável. Com relação à energia de fontes fósseis, o mundo tem 81%, entre petróleo, carvão e gás natural, e o Brasil 53%”.

Outra fonte de geração de energia brasileira importante, demonstrada por Altino Ventura, é a biomassa, que vem crescendo principalmente com os derivados da cana-de-açúcar (etanol, bagaço e palha da cana). Esta fonte renovável e limpa tem muito espaço no país e vem atendendo as demandas do mercado brasileiro e internacional. “O Brasil tem potencial para expandir sua produção de energia sem que haja competição com a produção de alimentos. É possível caminhar com sustentabilidade”, afirma.

Nos próximos dez anos, segundo Ventura, haverá um incremento da biomassa no mercado brasileiro, principalmente com o uso da palha da cana, que não poderá mais ser queimada, passando a ser utilizada para gerar energia.

A energia eólica tem representado um papel relevante no país. “Se olharmos para 2030 o cenário será ainda melhor. Não há subsídios para a entrada das energias renováveis no Brasil. Elas estão no mercado, competindo e crescendo.”
Para Ventura, “as condições favoráveis fazem com que o Brasil seja autossuficiente em geração de energia. O potencial das fontes renováveis na matriz energética é muito grande”.

Por outro lado, Isabel del Olmo, chefe do Departamento de Coordenação-Geral do Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía (Idae), comentou que a Espanha não tem tanta sorte como o Brasil, autossuficiente em geração de energia. E o papel do Idae tem sido importante, já que a estratégia do Instituto é intensificar programas de economia, eficiência energética, produção e uso de energias renováveis.

Olmo, que também representa o Ministério de Indústria, Turismo e Comércio da Espanha, explica que o país, como membro da União Europeia, tem acordos assumidos no tocante à geração de energia. “Assumimos uma série de compromissos, por exemplo, redução de 20% das emissões, incremento de 20% de energias renováveis na matriz e 20% de melhora com eficiência energética”. A representante do Idae afirma que 50% dos acordos previstos para 2020 concentram-se no setor de transporte e vão além, dizendo que a Espanha pretende manter o ritmo de crescimento das energias renováveis mesmo em períodos de crise.

O mesmo caminho deveria ser adotado por outros países. Em momentos de crise, os principais projetos cortados são os que têm como foco a sustentabilidade. Embora haja uma expectativa de crescimento e força dos chamados projetos verdes, ainda existem entraves claros à continuidade deles.

José Antonio Muniz Lopez, diretor de Transmissão da Eletrobras, comentou que não é necessário atingir um potencial insustentável de consumo de energia. “Não queremos ter o consumo do Canadá, mas queremos que todos tenham pelo menos acesso a energia”, afirmou.

Energia das águas

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, explica que a escolha da energia hidrelétrica na matriz brasileira é lógica: “a fonte hidráulica é renovável, sem contar que não usamos nem um terço da capacidade brasileira”.

A usina de Itaipu é, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 16,4% da energia consumida no Brasil e abastece 71,3% do consumo paraguaio. Itaipu produziu, em 2010, um total de 85.970.018 megawatts-hora (85,97 milhões de MWh), o suficiente para suprir todo o consumo do Paraná durante três anos e sete meses. Ou então, os três Estados da região Sul por um ano e dois meses. O mesmo volume ainda abasteceria a demanda de Portugal por energia elétrica durante um ano e oito meses.

Conforme demonstrado por Jorge Samek, o Brasil teria que queimar 536 mil barris de petróleo por dia para obter em plantas termelétricas a mesma produção de energia de Itaipu.


Por Naná Prado, da Envolverde

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