Ladislau Dowbor, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), acredita que as reformulações de base são essenciais para o processo
de transformação para um modelo econômico mais sustentável. Para tanto, atribui
aos centros urbanos papel fundamental.
Segundo o pesquisador, é das cidades que partem as principais decisões e
diretrizes políticas, além de reunirem melhores condições econômicas para
financiar esse processo. “As cidades devem ser protagonistas das mudanças. A
maior parte da população mundial vive nos centros urbanos e é no âmbito local
que as pessoas podem cooperar mais efetivamente.”
No Brasil, aproximadamente 85% da população vive nas cidades. De acordo
com dados da Organização das Nações Unidas, no país, 64% dos assentamentos
urbanos são precários. “Vivemos em meio a um cenário de extrema desigualdade,
no qual quatro bilhões de pessoas no mundo estão fora do sistema. A destruição
do planeta ocorre em função de apenas um terço da população”, comenta Dowbor.
Ainda segundo o professor, as mudanças necessárias passam por uma
reorganização do setor especulativo “Hoje, o PIB mundial gira em torno de US$ 60
trilhões, mas os papéis emitidos em razão da especulação financeira somam cerca
de US$ 860 trilhões. O setor especulativo deve se reorganizar e ficar mais
direcionado às necessidades reais da população”, acrescenta.
Contudo, Dowbor explica que ainda há um longo caminho a ser percorrido.
“Quem atualmente financia as principais campanhas políticas são as empreiteiras
e as montadoras. Isto acaba vinculando a administração pública a alguns
interesses específicos. Precisamos de uma maior articulação entre a política e
a sociedade, a fim de ampliar o acesso a novas tecnologias, aperfeiçoar os
sistemas de financiamento e crédito e descentralizar os serviços públicos.”
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