jueves, 20 de octubre de 2011

“As mudanças estruturais de que precisamos começam nas cidades”


Ladislau Dowbor, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acredita que as reformulações de base são essenciais para o processo de transformação para um modelo econômico mais sustentável. Para tanto, atribui aos centros urbanos papel fundamental.

Segundo o pesquisador, é das cidades que partem as principais decisões e diretrizes políticas, além de reunirem melhores condições econômicas para financiar esse processo. “As cidades devem ser protagonistas das mudanças. A maior parte da população mundial vive nos centros urbanos e é no âmbito local que as pessoas podem cooperar mais efetivamente.”

No Brasil, aproximadamente 85% da população vive nas cidades. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, no país, 64% dos assentamentos urbanos são precários. “Vivemos em meio a um cenário de extrema desigualdade, no qual quatro bilhões de pessoas no mundo estão fora do sistema. A destruição do planeta ocorre em função de apenas um terço da população”, comenta Dowbor.

Ainda segundo o professor, as mudanças necessárias passam por uma reorganização do setor especulativo “Hoje, o PIB mundial gira em torno de US$ 60 trilhões, mas os papéis emitidos em razão da especulação financeira somam cerca de US$ 860 trilhões. O setor especulativo deve se reorganizar e ficar mais direcionado às necessidades reais da população”, acrescenta.

Contudo, Dowbor explica que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Quem atualmente financia as principais campanhas políticas são as empreiteiras e as montadoras. Isto acaba vinculando a administração pública a alguns interesses específicos. Precisamos de uma maior articulação entre a política e a sociedade, a fim de ampliar o acesso a novas tecnologias, aperfeiçoar os sistemas de financiamento e crédito e descentralizar os serviços públicos.”


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